O Conselho Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA) reúne-se extraordinariamente nesta quarta-feira, em Paris, para analisar o “caso” das falsas declarações da McLaren e de Lewis Hamilton no GP da Austrália (e, posteriormente, no GP da Malásia). As sanções já aplicadas à equipa (Hamilton foi desclassificado e a McLaren multada) podem ser agravadas – em último caso, a equipa poderá mesmo ser excluída do Mundial de Fórmula 1.
Depois do incidente, a McLaren tentou de todas as formas aplacar a ira de Max Mosley – o presidente da FIA nunca teve boas relações com a equipa britânica. Primeiro foi Lewis Hamilton a pedir desculpas públicas por ter mentido, adiantando ter sido mal aconselhado pela sua equipa. A McLaren decidiu depois despedir o seu director desportivo, Dave Ryan, que trabalhava para a equipa há 35 anos. Posteriormente, o “patrão” Ron Dennis decidiu afastar-se da equipa desportiva e dedicar-se ao desenvolvimento de carros de estrada, deixando de comparecer nos Grandes Prémios. Na última semana, Martin Whitmarsh, o novo responsável pela McLaren, escreveu uma carta a Max Mosley pedindo desculpas pelo comportamento da equipa.
Neste fim-de-semana, no GP do Bahrain, foram ainda mais evidentes as tentativas da McLaren em passar uma nova imagem, abrindo a equipa aos jornalistas, aproveitando todas as possibilidades para falar do futuro e para reiterar que a equipa está a entrar numa nova fase, cortando de vez com o passado – que regista três presenças da equipa perante o Conselho Mundial em dois anos. Tudo para evitar sanções pesadas na reunião desta quarta-feira do Conselho Mundial – em 2007, a equipa ficou sem pontuar em todo o campeonato.
A McLaren enfrenta cinco acusações:
1)Ter dito aos comissários desportivos do GP da Austrália que não foram dadas instruções a Hamilton para deixar que Jarno Trulli o ultrapassasse, numa situação de 'safety car' em pista, sabendo que isso não era verdade;
2)Ter instruído Hamilton para confirmar essas declarações falsas;
3)Apesar de saber que uma equipa adversária estava a ser injustamente penalizada [Trulli perdeu o terceiro lugar que tinha garantido na pista, recuperando-o posteriormente], nada fez para rectificar a situação:
4)Ter continuado a manter que as declarações falsas eram verdadeiras, numa segunda reunião, já na Malásia
5)Ter continuado a pressionar Hamilton para que ele confirmasse as declarações falsas na segunda reunião.
A McLaren arrisca a exclusão do Mundial de Fórmula 1, embora poucos acreditem nisso. O mais provável é que venha a pagar uma pesada multa, a perder pontos (que também significam dinheiro) ou a ser suspensa por uma ou mais corridas. Em qualquer caso, a penalização pode condicionar o futuro da equipa – a Mercedes, sócia e fornecedora dos motores da McLaren, já mostrou o seu profundo desagrado com todo este assunto e poderá buscar outras alternativas no pelotão.
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