Bruno Magalhães vence o Rali dos Açores

A dupla Bruno Magalhães e Carlos Magalhães, da Peugeot Sport Portugal, acaba de vencer a sétima ronda do IRC 2010, o Sata Rallye Açores, após uma luta dramática de três dias com Juho Hänninen e Jan Kopecký. O feito dá a uma equipa portuguesa a primeira vitória no IRC e leva a dupla da Peugeot ao terceiro lugar do pódio deste campeonato. O Peugeot 207 Super 2000 de Bruno Magalhães e Carlos Magalhães largou esta manhã de Ponta Delgada com a missão espinhosa de defender dos ataques dos Skoda a vantagem magra – 2,2 segundos - que trazia da etapa de ontem do Sata Rallye Açores. Juho Hänninen, no Skoda com o número 2, começou a última etapa da prova sendo 2,2 segundos mais rápido do que Bruno Magalhães na primeira especial do dia (Achada das Furnas II). À entrada para a terceira classificativa do dia – a segunda foi anulada - os dois pilotos tinham rigorosamente o mesmo tempo, e davam assim o mote para o que seria uma luta memorável pela vitória. Jan Kopecký, no outro Skoda, era mais lento do que o campeão português, mas mantinha-se à espreita no terceiro lugar, enquanto que Kris Meeke, no Peugeot do Reino Unido, ascendia ao quarto posto, trocando de posição com o norueguês Andreas Mikkelsen. Em plena classificativa da Tronqueira I, quando faltavam quatro especiais para o final, a máquina de Bruno Magalhães e Carlos Magalhães começou a perder óleo da caixa de velocidades, que sujou o pára-brisas e prejudicou-lhes a visibilidade durante metade do percurso. Os pilotos da Peugeot Sport Portugal perderam assim 18 segundos para Hänninen. A meio da etapa, Bruno Magalhães mostrava-se desapontado: “Acho que não merecíamos aquele infortúnio. Estávamos na frente, empatados com o Hänninen, mas como era impossível ver o troço, perdemos muito tempo e foi uma odisseia trazer o carro até aqui. Agora vamos mudar a caixa de velocidades e dar tudo para segurar o segundo lugar." Com o problema resolvido, a equipa enfrentou a derradeira secção do rali, que viria a transformar-se num extraordinário volte-face na liderança da prova. Na penúltima classificativa, Hänninen teve um furo no seu Skoda e viu “esfumar-se” a liderança. Perdeu 1m54,9 e caiu para a quarta posição, acabando ainda por prejudicar o desempenho dos campeões portugueses que o alcançaram no troço e apanharam o pó do carro do finlandês. Quem aproveitou a situação foi Kopecký, que passou a ser o novo líder. A última especial do dia não poderia ser mais dramática. Com uma desvantagem de apenas 6,4 segundos para a equipa checa, os pilotos da Peugeot Portugal deram o “tudo por tudo” para vencer. Foi apenas nos últimos quatro km dos 224,60 da prova açoriana que tudo se decidiu, quando o Skoda de Kopecký capotou e Bruno Magalhães/Carlos Magalhães venceram pela segunda vez o Sata Rallye Açores e pela primeira vez uma prova no IRC. A desistência de Kopecký permitiu ainda a Kris Meeke ascender ao segundo lugar e ajudar, deste modo, à primeira “dobradinha” da Peugeot nesta época. Com esta vitória, a dupla portuguesa subiu ao terceiro lugar do pódio no campeonato de Pilotos do IRC, e está agora com 30 pontos, a 9 de Kopecký e a18 do líder, Juho Hänninen. A Peugeot Sport Portugal reforçou assim o estatuto de melhor equipa da marca francesa neste campeonato. Depois de Meeke ter vencido no Brasil, Bruno Magalhães foi também o primeiro a interromper a sucessão de vitórias da Skoda e torna-se no sexto piloto diferente a vencer este ano um rali do IRC.

Bruno Magalhães no final referia: “Estamos extraordinariamente felizes com esta primeira vitória da equipa no IRC. Demos tudo por tudo para ganhar o rali e acho que a vitória é da maior justiça. Eu e o Carlos fizemos um rali perfeito, nunca baixámos os braços face ao Hänninen e ao Kopecký, que nos moveram um ataque fortíssimo durante praticamente toda a prova. Mesmo andando a fundo nunca cometemos erros e na minha opinião foi isso que decidiu o vencedor. Tenho que agradecer à equipa que esteve sempre extraordinária e nos permitiu alcançar este resultado.” Já Carlos Barros, Director da Peugeot Sport Portugal: “É uma vitória fantástica e muito merecida. Temos mostrado que somos persistentes e que estamos a evoluir muito bem. Os ralis nem sempre correm da melhor forma, mas hoje fomos impecáveis. No fundo, o Bruno, o Carlos e toda a equipa já merecia esta vitória. O nosso carro portou-se lindamente e, além disso, foi um bom resultado para a marca, que pôs dois carros nos dois primeiros lugares. Agradeço aos patrocinadores que estão connosco neste projecto tão ambicioso.”
 
Resultado frustante para Bernardo Sousa
 
Ao terceiro dia do ‘SATA Rallye Açores’, a frustração bateu à porta do Ford Fiesta S2000 ao não ter conseguido chegar um pouco mais além. O número 12 de porta foi uma espécie de 13, o tal número 'reprovado' por todos. A ambição dos actuais líderes do Campeonato Portugal de Ralis (CPR) ficou marcada pelo azar. Seja como for, dos Açores sai a nota mais importante: a liderança no CPR está mais reforçada. Depois de uma entrada fulgurante, de Bernardo Sousa e Nuno Rodrigues da Silva, conseguindo averbar o primeiro tempo da geral em Tronqueira1 numa extensão de 21,94kms, e quando tudo parecia correr bem aos actuais comandantes do CPR, um “desaire” em Lomba da Maia ditou o infortúnio e a boa prestação no arranque do terceiro dia do Team Ford Quinta do Lorde. “Vínhamos a andar bem. Entramos com ritmo, com garra, chegamos a realizar bons tempos. Os índices de motivação subiram, melhorando a nossa prestação dos dois dias antecedentes, até porque, ontem, abrimos os troços o que nos valeu tempos abaixo do que era esperado. De todo o modo, hoje, numa zona mais lenta, numa parte mais sinuosa, a duas especiais do final do rali, bateu-nos o azar à nossa porta. Demos um toque numa pedra partindo logo aí o apoio da roda traseira direita”, explicava a razão do cronometro indicar um tempo menos bom e a consequente descida na classificação.  Ao volante do seu Ford Fiesta S2000, o jovem piloto madeirense lamentava o sucedido. “Infelizmente estas coisas às vezes acontecem, a verdade é que já não acontecia algum tempo, mas hoje, aconteceu. Razão? Olhe, simplesmente porque queríamos subir um pouquinho mais acima na tabela... Agora, vamos ver o que nos reserva o próximo rali, que será na Madeira junto dos meus e de uma terra que tanto estimo e adoro. Oxalá a sorte seja outra”, manifestou o comandante do campeonato. Seja como for, apesar do 10.º lugar depois de alguns percalços, num balanço mais a frio deste rali açoreano só poder ser positivo. “Claro que sim. Apesar não termos conseguido alcançar todos os nossos objectivos no SATA, saímos daqui mais líderes do CPR, deixando a concorrência mais afastada, apesar de reconhecer que a armada de seguidores está cada vez mais forte e com mais equipas, porém o que é mais importante ressalvar de todo o resto, é que estamos mais na frente, e isso é indiscutível”, confidenciava à chegada ao parque fechado. A terminar Bernardo deixa uma palavra aos fãs. “Sempre disse que este projecto tem pernas para continuar. Estamos no caminho certo e vamos seguramente ser campeões. Custe o custar”. A próxima participação de Bernardo Sousa e Nuno Rodrigues da Silva é o Rali Vinho Madeira que se disputa entre os dias 5 e 7 de Agosto. "Motivados em alcançar um bom resultado. Aliás não poderia deixar de ser. Estarei em casa e espero ter o carinho que habitualmente recebo quando disputo um rali na ilha".

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